sábado, 3 de novembro de 2012

Papeis perdidos...

Por vezes, esbarro em papeis perdidos do Ibrahim, escritos num qualquer acesso...
Caiu enquanto tirava uma caixa de cima do armário!

Desde novo que me recordo de o ver a pegar num qualquer papel... Quando digo papel, refiro a matéria! Não importa a origem dele, se do embrulho da manteiga, se de um rasgão do saco do pão que fosse....
Se permitir o registo em letras de um qualquer pensamento, raciocínio, questão que lhe surja... É papel!
Bom... O embrulho da manteiga talvez não...
Não o fazia muitas vezes! Teria uma regularidade de, dois, três episódios por mês, o suficiente para me aperceber da estatística...

Depois, pegava no papel e inseria-o num qualquer lugar estranho. No meio de um livro, na gaveta das meias, no meio dos copos, nos armários pouco usados, nos frequentes, no meio da manta,  no frigorífico, num cantinho do chão, debaixo de uma caixa em cima do meu armário...
E lá ficavam! Em longos períodos de armazenagem...
Reparei também que, se por vezes se acumulavam, de igual forma desapareciam ou se tinham reciclado num papel de outra origem...


Obviamente, um dia, perguntei-lhe porque o fazia?
"Ah.. os papéis!!!" Riu como um garoto, meio acanhado...
"Sabes, já o meu pai o fazia! É um jogo. Podes joga-lo também...
 Escrevo pensamentos que me ocorrem. Escrevo-os, e penso sobre eles! Quando os volto a encontrar, quase sem querer, volto a pensar no assunto...
Ou interpreto o que escrevi...
É apenas uma brincadeira!"

Decidimos partilhar o jogo...


Dizia o papel: " Porque existe entre os Homens esse sentimento de profunda amizade?
Porque sinto Eu enquanto Homem, um verdadeiro amor por alguns seres.
Sentir que aquele ser se encontra ligado a mim de uma forma diferente. Compreender, sentir que aquele ser, e não tem a ver com o tempo, desde os sempre presentes a um recente conhecido...
Mas sinto que algo para além do material me une aquela pessoa.
Seriamos moléculas mais próximas quando do acto da criação?
Derivaremos de um só ponto celeste?
Sentir para além de nós... Sentir a extrema felicidade e incondicional amor... Essa felicidade, sinto apenas com alguns, com eles acredito que podemos ser amigos, filhos, pais, casais...
Mas em simultâneo, irmãos de uma religião sem nome chamada amor.  "

Peguei nas costas de um envelope rasgado e escrevi:.
"Amor é um!"
Escondi-o junto às bolachas!

Bicho