quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Meu nome é Bicho.

Andava a brincar na minha floresta... não é bem uma floresta! Na verdade é apenas um parque que tem uma zona de bosque, mas ao qual eu gosta de chamar, a minha floresta!
 Costumo ir lá brincar, como se habituação ao espaço me desse a propriedade do mesmo!
 Para além disso, estou convencido que o meu planeta deve ter florestas ou algo parecido à sensação que a floresta nos dá!
Na verdade não sinto a pertença... Mas o facto de a chamar minha, aproxima-me do espaço, demonstra o meu carinho pelo mesmo. Imagino-me nas minhas origens.
Não apenas eu. Partilhamos o mesmo sentimento! É um sonho comum!
Andava eu do chão para os ramos, dos ramos para o chão, abraçar-me as árvores...
Quando uma criança que andava lá com os pais começou a rir ao ver-me naquelas brincadeiras. Veio ter comigo e perguntou-me o nome.
Escrevi no chão, Bicho!
Devia ter entre sete e oito anos, talvez menos! Pois demonstrou alguma dificuldade a ler... Bi..Cho...  Olhou para mim, voltou a olhar para as letras no chão, e repetiu esta acção umas duas, três vezes!
Perguntou novamente: Como te chamas?
Apontei para as letras novamente! Olhou para as letras... olhou para mim... Não falas?
Respondi com um grunhido para que ele compreendesse que apenas com as letras poderia comunicar com ele. Insistiu: Como te chamas, Bicho? Gargalhei em grunhido!
Escrevi novamente mas a frase completa. O meu nome é Bicho! Aí já foi o pai do André a ler!
Continuamos a brincar. Com a autorização do pai dei alguns saltos bem altos ritmados com as gargalhadas do André...
Fiquei a pensar... O meu nome! Para que necessito de um nome que me defina? ...o nome não me define! Olho para os meus irmãos Bichos... Identifico-os... mas não tem nome! São os Bichos meus irmãos.
O nome deve ter a ver com a palavra. Nós não a usamos, não precisamos de nome.
Sou eu assim.
Um Bicho sem nome!
Eu.

Bicho

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Estrela de Bicho

Estive à espera das estrelas!
Felizmente não sinto frio!
Já me tenho perguntado como será a temperatura no meu planeta para ter este tipo de penugem! Sim escrevi penugem e não pelugem! Tecnicamente, nós os Bichos temos penas em forma de pelo... pois, é estranho! os nossos pelos são ocos! tal como as penas... mas em forma de pelo! Temos uma pelunugem!
Estive quatro horas à espera, apesar de o não sentir, vi como as plantas esbranquiçaram da geada, este planeta tem fenómenos bem bonitos! Adoro sentir a geada repousar em mim! ver a acumulação de água e esta a transformar-se em gelo... ver as cores a empalecer...  a geada torna-se um elemento comum em tudo que toca...eu acho belo!
Senti que elas se estavam a aproximar. Sentimos todos. Engraçado, pois eu e mais três Bichos desta zona sempre que elas chegam, reunimos no mesmo lugar. No monte mais alto do nosso ponto. Na primeira vez que senti a vinda das estrelas, comecei a andar de uma forma desenfreada ao encontro do aumento das vibrações, tal como nos sentimos, como não poderia deixar de ser, sentimos todos o mesmo! Agora nem preciso de avaliar a intensidade da vibração é um processo tão natural em nós... e lá nos encontramos os três, como o costume! À espera do grande encontro.
Tal como para mim, também para eles antes deste momento não há recordação...
Já partilhamos essa duvida, um misto de duvida e saudade do desconhecido.
Como será o momento anterior?
Antes da estrela?
Já nos rimos bastante a criar mundos de fantasia e alegria, a partilharmos sonhos de cada um que de imediato passaram a sonhos de todos.
Creio que é a quinta vez que assisto a vinda de estrelas! Apesar de os Bichos mais antigos já terem partilhado as nove que assistiram comigo! Ainda não encontramos uma relação temporal no intervalo da vinda das estrelas.
É uma alegria tão grande!
É das poucas coisas que nos fazem chorar de emoção.
As recordações! Ou melhor, o inicio de todas, das nossas e das partilhadas...
E de repente, surgem as estrelas, lá vem elas a surgirem no firmamento. O fim de uma viagem, inicio de outra. E com elas vem a grande vibração, a sensação de crescimento, a grande partilha, onde todos nós, Bichos, vivemos momentos de consciência una. Perdemos a pluralidade, que também o somos, e num momento somos apenas um grande ser, um individuo feito da partilha de muitos. Soltamos um uníssono  grunhido, sorte a vossa que é em frequências não audíveis por vocês humanos! O som mais belo de todos os sons. Pelo menos para nós!
Uma libertação e uma assimilação! Assim, em simultâneo!
Eis que sentimos novamente o nascimento. Eis que do nascimento sentimos todas as nossas experiências.
Vivemos num momento tudo o que possa ser saudade, tudo o que foi e tudo o que é...
É um orgasmo de vida, de paixão, de amor, de partilha, de unidade.
O que foi ontem, é o agora...
E sinto, eu Bicho em bola nascido em estrela enviado...
Somos um em cada vez mais.

Bicho

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Esperança de Bicho

Uma criança acercou-se de mim sem eu me aperceber e agarrou-me o dedo!
Uma sensação tão boa... Tanto calor, tanto amor... Tanta ternura!
Estranho! Não senti a sua aproximação...
Ando com os sentidos toldados...
Não olhei para a criança mas sim para um homem deitado na soleira de uma porta, um dos muitos sem abrigo que se deitam pelas cidades..
Enquanto olhei para o Homem a criança desapareceu.
Senti-me na obrigação de ir ter com o Homem.
Chamava-se José, tinha 43 anos e há 7 anos que vivia na rua. Tinha fome e frio.
Durante algum tempo tentei ajuda-lo, apesar da sua relutância. Dizia-se não ser merecedor. Tentei várias vezes saber o seu passado mas ficava perturbado e fechava-se no seu cobertor...
Finalmente após alguns meses de visitas semanais...  José aceitou integrar um centro de ajuda!
Numa visita que lhe fiz, José, já de barba e cabelo cortados, servia com orgulho na cantina. Apesar das cicatrizes do frio, as suas rugas formavam curvas de sorriso.
Notei o cuidado com que tratava uma rapariga que estava no centro, foi a primeira vez que a lá vi, mas por ausência minha, não dela!
Senti que o José lhe falava com a alma, como quem partilha a dor para a transformar em esperança... Aproximei me... Eu sei! Não é correcto ouvirmos o que os outros dizem sem sua autorização. Por isso, e na tentativa de não incomodar a rapariga, que não me conhecia de lado nenhum, aproximei me por trás desta, de forma a que o José me visse. Apercebeu-se da minha presença! Mantive-me à escuta...
Dizia o José:  "Achas que não compreendo! Sim a  tua dor é a maior do universo, como muitas outras! Não quero que desapareça em ti a tua dor! Apenas que aprendas a viver com ela...
Vou-te contar a minha história...  em tempos fui gerente bancário, trabalhava cerca de 10 horas diárias, com frequência trazia trabalho para casa aos fins de semana.
Tive mulher, que sempre me amou e respeitou. Tive uma filha que me adorava...
Um sábado foram ao cinema... eu deveria ter ido também, pois tinha tinha prometido à minha Pipoquinha....  Iria com elas, deveria ter ido com elas! Contudo o trabalho...
Deveriam ter chegado às sete da tarde, mas absorvido pelo trabalho apenas pelas das dez me apercebi da ausência...
Liguei-lhes! Nada...
Entrei em desespero! Policia, hospitais.. tudo! Mas nada! Só aflição e a ausência!
  Apenas no dia seguinte as encontraram numa ravina, a cerca de seiscentos metros de casa! Morreram ambas. A minha filha tinha falecido apenas a cerca de 3 horas de a encontrarem, esvaziou-se em sangue de um profundo corte na anca...
Como posso não compreender a tua dor? Como posso não compreender a perda? Como posso não compreender a culpa? Como posso desculpar-me?
Eu sei!
É difícil aceitar a realidade!
Aceitar a continuação da vida!
Aceitar a existência! Facilmente trocaria a minha pela da Pipoquinha!
 Ser, que na dela, carregava a minha...
Mas aos poucos... Finalmente compreendi!
A existência dela está em mim e comigo continuará... dias de partilha virão!
Quero apresentar-te um amigo que me ajudou! -Bicho, esta é a Maria."
Em sobressalto estranhou a minha proximidade, meia a medo olhou  para mim...
Sem conseguir tirar os olhos do chão disse um tímido, Olá! Um coração lacerado, negro de dor, cuja origem da dor já nem se distingue...
Nesse mesmo momento senti um forte abraço na minha perna, como se uma criança se tratasse...  A repetida sensação de amor e ternura... Uma explosão em mim! Olhei para a perna e ninguém se encontrava-lá!
Enquanto José, sorria, uma lágrima de esperança correu-lhe na cara...
Tanto calor! Tanta ternura! Tanto amor! Tanta esperança...
Obrigada Pipoquinha.


Bicho

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Bicho Urso

Ontem estive com o Ibrahim, fui visitá-lo...
Dormi lá!

 Desde Bolinha que adoro ouvir as historias contadas pelo Ibrahim!
Pedi-lhe que me contasse uma!
  Mesmo depois de ter apreendido a ler!
Também tento! Em simultâneo com a leitura dar forma as personagens... Consigo sentir que estas têm vida em mim! Sinto-lhes a voz!  É excitante!
Mas tal exercício não compete com representação do Ibrahim!
A sua Representação deixa-nos presos, vivemos com ele... é maravilhoso!
Apesar de não começar com o, era uma vez, sinto ainda assim mesma magia ...

"Um Homem vivia numa caverna juntamente com um urso. O urso era enorme! Entre os ursos chamavam-lhe O Gigante!
Com frequência, o Urso apanhava o peixe mais suculento, o mel mais doce, e por vezes, o coelho mais rápido, que apesar dos seus rápidos saltos, estes, eram pequenos de mais para a lenta corrida do Gigante.

Voltava sempre com olhos brilhantes e orgulhos, e como se de uma oferenda se tratasse, entregava-os ao Homem!

Os outros ursos achavam aquilo muito estranho! O Gigante é um parvo! Não basta pescar e caçar para ele, ainda o faz para um ser Humano...

Um outro Urso, curiosamente com dimensões bem diferentes do Gigante, andava com azar na caça e na pesca. Era até pequeno de mais para lutar com um enxame em fúria! Para além disso, a sua pequena dimensão, não lhe permitia ter força suficiente para rasgar as árvores, onde estavam as colmeias mais produtivas...
Nunca lhe chamaram Anão!
Não tinha a mesma origem do Gigante, onde a distinção entre os ursos era feita pela sua dimensão.
De onde o Manchas era oriundo, não era pequeno! Apresentava um tamanho normal dentro da sua espécie. Porém, o caminho e a aventura trouxeram no até aqui, ao Vale dos Ursos Grandes!
Chamaram-lhe Manchas. Pois, para além da normal cor dourada no dorso, tinha umas pequenas manchas mais claras que o distinguia dos de mais. Quem o visse! Facilmente compreendia a razão do seu nome!

A fome tinha enfraquecido o Manchas, a sua debilidade física já tinha alterado as atitudes e pensamentos  que o trouxeram até ao vale.
Se a beleza e frescura do vale o tinham prendido em tempos... Tudo agora era um mero exercício de sobrevivência! Não tinha tempo nem disponibilidade para se preocupar com a beleza... Com as borboletas que costuma observar nas azuis violetas... No pequeno colibri que se alimentava nas campainhas, junto à sua toca... No bailado dos troncos que quando acariciados pelas brisas mais fortes, faziam estranhas, mas belas canções, acompanhadas pela chuva dourada das folhas de Outono..."

 - Precisavam de ver a forma como o Ibrahim "dançava", como se o vento o forçasse ao desequilíbrio, enquanto suaves movimentos dos dedos imitavam na perfeição o bailado das cadentes folhas..
Fenomenal!

"O Manchas tinha fome! Desespero de fome! Os pequenos insectos e a fruta dos ramos mais baixos apenas lhe garantiam uma barriga a roncar e mais um dia de desespero...

Um dia...
Ao observar o Gigante a entregar um delicioso Salmão ao homem...
Pois era o tempo deles! Grandes! Fortes! Gordos! Rápidos! Fugidios! Astutos de mais para o pequeno e fraco Manchas.

Começou, então, a ter maus pensamentos em relação ao Homem...

Este Gigante... a alimentar um Homem... poderia ajudar seres como eu... da mesma espécie... ainda que diferente sou dos dele... com a sua dimensão tem responsabilidades para connosco... não com qualquer outra espécie...  o Homem tem que desaparecer... Não sou maior que ele, mas... As minhas garras são  afiadas...  De todos os seres do vale é o mais fraco!  Mais lento que os coelhos! Menos fugidio que um salmão! As minhas presas serão facas na sua carne!

Começou então a rondar a gruta do Gigante, não poderia arriscar o confronto com este, seria a sua morte, apesar do desespero não era estúpido!
 Matar o Homem tinha que ser uma questão de sobrevivência não o contrario!
Mas o Homem nunca ficava tempo suficiente sozinho. Não se afastava o suficiente a permitir o seu ataque. O Gigante sempre  perto.
Cada vez com mais fome! Na vontade de matar o homem, esquecia-se dos pequenos insectos e da parca fruta ...
Um dia, de tão fraco! Desmaiou!

Quando acordou, sentiu junto ao seu focinho um grande coelho, já morto e com a pele arrancada! Pronto a ser comido.
Sentiu água fresca, entornada na sua boca...

 Debilitado e desorientado, conforme desaparecia a névoa da sua visão, viu a transformação de dois vultos. Eram o Homem e o Gigante...
O zunido silencioso transformou-se em voz...E uma voz profunda e gigante, num tom doce como o mais doce dos meles disse:
-Recordas Pai? Era bem mais pequeno quando fizeste o mesmo por mim...
Ao que uma voz serena e tranquila respondeu:
-Sim! Claro que recordo meu filho Urso! Por favor... Vai buscar mais água para este teu irmão!

O Ibrahim ficou parado a olhar para mim, piscou-me olho enquanto sorria e disse: Vai meu filho Bicho! Por favor... Vai dormir!
Adoro as suas historias!


Bicho




sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Partilha de Bicho

Afinal,  o Bicho fêmea mora do outro lado... longe de mim, longe de nós! Mas sei que é  um bom Bicho-Humano. Conseguirá descobrir o Bicho que é! Só desejos bons tenho eu para ela! Sei nunca a ter conhecido. Que continue o caminho!

Associei as ideias do Bicho fêmea -Humana e da vontade de voar... à do passarinho!
Senti-me em mim!

...ei!
Há coisas em mim, Bicho, que por socialização Humana...
Como serei eu verdadeiramente?
 Eu que nada sei da minha civilização!
Em bola nasci neste nosso planeta! Nosso...
Eu caminho como os humanos. De uma forma diferente bem sei, as proporções do meus membros são diferentes. Igual aos Bichos que aqui e ali me cruzo...
Também eles do nosso...

 Há muitas habilidades que consigo fazer! A minha estrutura muscular em união com a elasticidade de Bicho, permite-me saltar mais alto, rodopiar, caminhar nos membros..ah ah ...ia pensar superiores, superiores nesta postura! Agarrar-me com facilidade aos elementos e lançar-me deles...
São movimentos igualmente confortáveis para mim!
Será que em vez de andar, deveria saltar!
Rodopiar!
Ou... De uma outra qualquer forma, se assim permitissem as variáveis físicas do planeta!

  Desatei a correr, a saltar, a agarrar-me as coisas, a usar a geometria que me é dada! De passeio em passeio, rodopiando nos postes de iluminação em grandes e rápidas mudanças de ângulo...
É divertido!
Não visualizo a Manta! Mas o que vejo é diferente!

Mas logo abrandei... Enquanto abrandava, entre a corrida e o passo, aconteceu a coincidência!
Como se uma ideia, batesse ponteiros com a desaceleração, conforme a pensava, assim reduzia a velocidade...
No exacto momento em que terminei o pensamento... Saiu o primeiro passo!
Assim!
Tal como caminho!

Não é essa a minha função!
Descobrir quem sou verdadeiramente!
Verdadeiramente sou quem sou, o Bicho!
Que caminha da forma como os Humanos. Na locomoção encontrei partilha!
...e saiu o primeiro passo!

Bicho

domingo, 20 de novembro de 2011

Pássaro em Bicho

 Hoje! Gostava de ir como os pássaros.
 Parecia... Julguei que fosse! O meu pássaro! O mesmo que ontem observei no parque...
 Aquele que, com agora saudade, descobri no ultimo dia...
Como o poderia esquecer! Nós Bichos, não apreendemos a deixar de amar. Deixei os pássaros voar por amar a sua liberdade mas, em mim, restará sempre o meu amor.
Deve ser fenomenal voar! Ver o Mundo de uma forma livre, sem o entrave da gravidade, que nos obriga aos ângulos rectos, ao desvio dos volumes, a tridimensionalidade da crosta.
O vento a passar no focinho...
O bailado...
A obrigatoriedade do movimento. O ir e vir, as curvas longas nas correntes quentes...
E se olhar para baixo, verei apenas pequenos pontos de luz, suficientes para definir figuras geométricas. Cujos os seus limites, ponto a ponto, fazem uma só Manta de retalhos.
E acima da Manta, repousaria Eu...
e o Silencio!
O meu pássaro!
Quando voou!  Desatei a gargalhar! Como foi possível não ter compreendido de imediato...
Ainda que não fosse, era!


Bicho

domingo, 13 de novembro de 2011

Bicho vs Bicho

 Caro Ibrahim tenho que te contar o que me aconteceu. Encontrei um Bicho fêmea!!
 Mal entrou senti a sua vibração e contactei-a de imediato, assim como nós os Bichos fazemos, directamente uns nos outros, entrei mas nada... foi mesmo muito estranho!!
Como te explicar a ti humano... Imagina que estou dentro dela, numa área que é perfeitamente equivalente à minha, cujos os canais para o centro das sensações está fechado! Como se de um portal se tratasse, daqueles que ao o atravessar.. zás! estás num lugar vazio!
Senti uma certa pena inicialmente... aquele Bicho está vazio...
Contudo, ao reparar em sua postura e atitude conclui que se comportava como um Humano! Aquele Bicho tornou-se Humano...
Ainda não faço Humana ideia como isso aconteceu...
...nem Bicho de ideia! Ah! Ah!
Pois já percebeste que estou animado!! As regras aqui eram diferentes, compreendes Ibrahim que neste caso era um Bicho. Nós os bichos temos essa alma comum. Eu Bicho preciso de activar nela o Bicho que ela é!
Não é por achar que nós Bichos somos de alguma forma superior ao Humano, nada disso! É uma necessidade da espécie! Faz parte do nosso ser, aceitar o Bicho que somos.
 Como não consegui enquanto Bicho!
Fiz como faço com os humanos! Directamente ao coração, e sabes o que vi?
O Bicho Fêmea que se comporta como um Humano é Bicho!
 Os seus sentimentos são nobres. Tem bondade. Melhor ainda, li que seu coração tem mazelas mas a sua  cicatrização é feita de paz e tranquilidade. Queres melhor prova! Tem comportamento de Humano mas pensamento de Bicho.
Só falta abrir o portal, pois em nós tudo poderá ser verdadeiro!
Não há segredo, não há mentira, não há palavra...
Com a minha ajuda vai conseguir, eu sei que vou conseguir Ibrahim.

Abraço
Bicho


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Bicho DOIS

Um Homem justifica com mentiras os seus actos.
Outro Homem, verdadeiramente amigo perguntou-lhe: Mentes?
Como resposta obteve um: A vida é minha, não tens nada a ver com isso!

-Se te sentes dono da tua vida, porque me mentes?


Bicho

Sabicho



Ontem fui visitar um Sábio!
Sábio é alguém que, do que aprendeu, do que viveu, consegue afirmar uma duvida numa reflexão, pois compreende a sua limitação na verdade...
Os sábios nunca tem idade, são experientes, mas é muito difícil encontrar sábios sem encontrar neles sinais físicos de velhice, é um processo demorado...
A melhor forma de distinguir um sábio verdadeiro de alguém com apenas muita experiência de vida é a forma como este se posiciona diante de ti: O sábio nunca se sente sábio, o sábio nunca sente a certeza, o sábio ouve-te e fica sempre agradecido pela partilha, o sábio possui equilíbrio entre a razão e a emoção, o sábio sente o corpo e a alma...
Tomamos chá!

Bicho


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Bichentira

Alguns Humanos confundem a realidade com a sua imaginação. Muitos chegam mesmo a acreditar nas suas verdades, fruto de uma realidade por eles criada. A verdade é normalmente um fardo grande. Uma responsabilidade apenas capaz de ser carregada por seres maiores. Por vezes, desejo que a realidade fosse a por eles criada e não a crueza da existência. Tenho até inveja desses seres, conseguisse a minha espécie mentir e também a exercitava!
Infelizmente para mim, sinto-lhe apenas o cheiro!
A mentira tem um cheiro indescritível, tem até um belo aroma inicialmente mas fica sempre um resíduo desagradável, por vezes repugnante...
Como seria perfeita a realidade desses Humanos se fosse igual à sua mentira...

Bicho

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Bichofessor

Enquanto a pedra voava,  saltei, rodei no poste para encara-la de frente, agarrei-a com mão! Podia ter apanhado com dentes mas, para além de os ter escovado à pouco tempo, gosto de observar a reacção dos seres humanos pois não esperam que um Bicho como eu tenha capacidade de manipulação...  Além disso já apreendi que a melhor arma para reagir as acções dos humanos é a surpresa. Se algo sai dos parâmetros do  previsível... poucos são os humanos que tem capacidade de reacção imediata, usam de mais a Razão... (mesmo quando a razão é o ódio)
Assim que aterrei no chão fiquei a brincar com a pedra enquanto olhava para o humano, julgava ele que lá por estar de costas a não sentia. Nunca vou perceber estes seres que sem razão alguma tem estas acções violentas quando desconhecem o que encontram...
Sou um Bicho, que tem de especial, não lhe fiz mal nenhum....

O Humano ficou estarrecido a olhar para mim, acho que não fugiu porque simplesmente não se conseguia mexer.
Olhei-o profundamente até entrar nele... uma vez lá dentro sorri.
Desatou a chorar! A postura desceu, parecia uma pequena criança,  o conhecimento do amor resulta muitas vezes em vontade de voltar a aprender...
Já posso deixa-lo só, está salvo.

Bicho

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Bicho UM

Dez Homens, todos eles com o seu pecado, reunidos numa mesma mesa.

Acusam-se dos erros uns dos outros.
Todos, excepto um. Esse Homem levantou-se, ergueu a cabeça e afirmou: Eu errei!
Os outros, apontaram-lhe o dedo acusando-o dos erros que eles tinham cometido.
O Homem saiu de cabeça erguida e só se foi.
Os outros, abraçaram-se como irmãos enquanto festejavam o fim da discórdia.

Bicho

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Bichotapia

Bicho desculpa a intromissão... Mas preciso da tua ajuda, pois tenho um problema de comunicação com os outros Humanos.
Quando quero ter uma conversa! É me muito fácil imagina-la, escolho um caminho, uma composição de palavras de forma a materializar uma ideia. Repito para comigo o conjunto que quero idealizar, convenço-me que atinjo fim a que me proponho: a transmissão da informação que tenho em mim. No fundo Bichito, exactamente aquilo que tu fazes com os da tua espécie mas com palavras pelo meio...

Deveria... contudo não o consigo!
Que estranha força esta que não me deixa atingir os outros, dar-lhes a compreensão plena de mim. Sou um ser limitado (Já sei! estás a fazer o sorrizinho e a pensar, Humano...). Se ao menos fossemos como vocês,  a ideia é implantada no receptor sem intervenção deste... Mas não, está dependente dos dois, para além da já difícil transmissão ainda temos a interpretação do lado de quem recebe.

 É incrível as interpretações que conseguem fazer das minhas palavras Bicho, percebes as minhas saudades, tenho imensas saudades tuas!
Ainda no outro dia fui ao dicionário, pois pensei... devo ter-me enganado no significado da palavra...mas não!
Ou então, o conjunto das palavras nunca quer dizer o que o conjunto das palavras diz! é sempre algo mais...ou menos!

O que queres dizer verdadeiramente é... PORRA! O que eu queria dizer verdadeiramente era mesmo o que disse! Só! Apenas! É suficiente! Para quê a interpretação... nem é poesia!

Para além disso, a grande maioria de nós Humanos já não sabemos ouvir! Já me vai custando explicar que meia ideia de algo não tem o valor de uma ideia inteira! lembras-te como ficavas quando estavas a escrever no quadro e eu começava logo a ler e a interpretar? Pois então! Desculpa.....

Querem terminar as frases! Querem responder sem a questão!  Qual é a pressa? Vivemos na constante pressa, pressa para não ouvirmos, pressa para não convivermos, pressa para não nos entendermos.
Nós os Homens deixamos, por alguma razão, de nos entender.
Estou mesmo a precisar de ti...
...estamos mesmo a precisar de ti Bicho.

Abraço do Teu Ibrahim

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Bicho Mau

Passei a noite a grunhir à lua, a tentar uivar como um lobo.

Rondei lateralmente a noite... ericei o pelo... e aguardei por um qualquer pensamento violento...
Quero sentir raiva, quero a raiva, desejo a raiva! Humanos quero sentir a vossa raiva, dêem-me a vossa raiva...
Nada! Nem uma sensação que não fosse a beleza gerada pelo luar!
Dificilmente conseguirei compreender os homens se não sinto todas as suas sensações!
Paciência, sentirei o que sentir.

Bicho

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Lá Para Cima No Topo do Céu dos Bichos.

Acordei com um salto, inverti a coluna da posição de dormir, grunhi como deve um bicho adulto, afastei os pelos dos olhos, sacudi o resto do pelo, não chove, não há banho. Fui ao terraço dei cinco saltos, comi uma mioleira que me tinha sobrado... Arrotei as ideias obtusas, não quero nada disso dentro de mim.
Sinto-me pronto, estou pronto, aqui vou eu...

Bicho

domingo, 12 de junho de 2011

Brand New Bicho

Sem me aperceber, em três dias, formei casulo, alterei-me e saí!
Não ganhei asas, mas mudei-me, mesmo sem asas vôo livre.
Finalmente, eu passei a ser EU, O BICHO!

Bicho.

domingo, 22 de maio de 2011

Bichinho

Assim que entrei na Praça uma data de crianças correu para mim!

 Os mais novos até junto de mim, tocaram-me no pelo e falaram comigo. Os mais velhos mantiveram uma distancia de segurança. Apenas até ter começado a dar saltos com os mais novos ao colo, assim que viram o sorriso dos mais novos, juntaram-se a eles, puxavam igualmente o pelo, por vezes até provocar dor, todos a gritar: Agora eu!

 Adoro as crianças são o ser humano mais parecido comigo, apesar de terem menos pelo.

Bicho

terça-feira, 10 de maio de 2011

The never ending Bicho

Finalmente um fim de linha, uma prova de facto!

Um acto de reconhecimento do seu ser, por quem te tomas Bicho?
Pensas que no acto se lê o sentimento!
Que te aproximas da verdade porque a verdade desejas!
Serei apenas o Mar...
A brincar com a espuma nas pernas de uma bailarina...

Bicho

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Free Bicho

Abri a gaiola, e quase todos os pássaros voaram para fora dela...mas um, ficou!
Sai! Grunhi-lhe.
Não saiu! Insisti e chilreei...nada, nem um movimento!
Tirei a gaiola em volta... Toquei-lhe. Ainda assim não quis voar.
Sussurrei-lhe ao ouvido um grunhido de liberdade. Levantou o Bico, cantou como se chorasse, bateu asas sem sair do sitio!
Olhou-me fixamente, primeiro com um olho, depois com o outro, virou as costas e voou até a janela. Lá ficou ate avistar outros pássaros. Olhou novamente para mim. Baixou o bico e num pulo iniciou o seu voo.

Fiquei a pensar, como é que até à data não tinha distinguido aquele pássaro dos outros? Era apenas a gaiola dos passarinhos...desde que tivessem comida, água,  meia dúzia de Grunhidos carinhosos por dia... Era toda atenção que lhes dava.

E ali estava, aquele pássaro, para quem a minha quase indiferença foi diferente.
Conheci o finalmente no último dia!
Tão orgulhoso fiquei.

Bicho