quarta-feira, 15 de maio de 2013

Esta luz, tão cheia de cores!

Os amigos do Ibrahim, são também meus amigos, nem de outra forma poderia ser! Ontem, jantamos com o Gabriel, um amigo de longa data! Durante o jantar, o Ibrahim, falava dos seu amor e dos seus sentimentos por uma rapariga... Mas, no entretanto, caímos em assuntos mundanos e jantado que estava, resolvi dormir! A determinada altura estava eu já em bola, num canto da sala, quando fui acordado por um amarfanhado de papel, atirado contra mim! Levantei-me em sobressalto! O Ibrahim tinha saído da sala, e o Gabriel, encostou o dedo aos lábios e assobiou um shiu... - "Guarda! Dá o depois ao Ibrahim, escrevi-o agora... Melhor! Podes até por no teu 'Caminho'... " e piscou me um olho enquanto sorria. O Ibrahim entrou... Percebendo alguma cumplicidade, sorriu e perguntou: O que estão vocês a preparar? Meti-me em bola novamente, que ele lê as minhas expressões, não lhas sei esconder!
Tal como prometido Gabriel, aqui fica:

«Esta luz, tão cheia de cores!

Enquanto fugia...  dos sentimentos de voo, daquele momento em que a flecha nos acerta, em que o coração que sangra ocupa todo o corpo, sem nunca se esvaziar...
Ao contrario... da sua ferida, o sangue brotado, ramifica em todos os órgãos e batem como um só...  E o todo que somos, é um só coração, e pulsa...
E exige e quer! Ferido de alegria e vontade...
Obriga! Coloca-nos asas sonhadoras, sem o controle das mesmas, elevamos à procura do astro que nos ilumina!
Ascendemos feito Ícaros fascinados pela beleza, pela luz...
Mas... Talvez com medo da vertigem... da irracionalidade... Das anteriores quedas provocadas pela fé!
Fugia..
Remeti-me à espera da confirmação, qual o sentimento...
A paixão que morra!
Morre paixão!
Não te quero em mim! Sai das minhas veias. Larga o meu corpo. Deixa-me fazer as minhas escolhas! Porque te intrometes pequeno arqueiro! Deixa-me...
E lutei no voo...
Agarrei-me! Lancei ancoras e tudo o mais que podia para travar a ascensão, mas... Fui voando!
Lutei com os ventos, tentei lançar-me em queda...
Sem nunca conseguir deixar de olhar para a luz, cada vez mais brilhante!
Até que de tanto lutar, finalmente domei as asas! Tornei-me dono de mim! Pousei lentamente...
Sem nunca conseguir deixar de olhar para a luz, cada vez mais brilhante!
Caminhei dois passos em sua direcção...
Sem nunca conseguir deixar de olhar para a luz, cada vez mais brilhante!
Abri as asas em toda a sua envergadura, bati-as levemente, elevei-me apenas uns metros do  chão...
Sem nunca conseguir deixar de olhar para a luz, cada vez mais brilhante!
Fiz a escolha! Senti o sangue que acalmara a jorrar novamente, mas por vontade, a tomar conta de mim, e todo eu, a escolha e o destino, voamos sem medo, sem querer deixar de olhar para luz, cada vez mais brilhante... tão cheia de cores!

Gabriel da Fonseca »

Fiquei com pena de ter adormecido, gostaria de ter ouvido toda a conversa!

Bicho