terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Certeza de Bicho.

Há algo estranho na paixão dos Homens.
Agora e anteriormente, sempre que o Ibrahim anda enamorado, fico confuso!
Pois se por um lado, o vejo feliz nos seus sentimentos...
 Aquilo que sinto, provoca em mim uma certa tristeza..
Curioso, não é? Mas sempre que comunico com o seu coração, o que sinto é... uma insegurança, o pânico do não, a incerteza com que move a vontade.
Simultâneamente, uma capacidade de crer em tudo! Vê em tudo a possibilidade infinita!
Essa mistura de sentimentos conseguiu criar em mim um sentimento que só o sinto através do Ibrahim. Descrevi o que sentia e o como resposta deu-me o nome do sentimento: Angustia.
Engraçado que é mesmo a única forma de o sentir. Fiz testes, simulei sentimentos em mim, como quando leio... Mas nada! Só através do Ibrahim apreendi e sinto a angustia!
 Há uns anos o Ibrahim entrou em casa... Desenrolei-me de bola em sobressalto! Pois mesmo a dormir, ao Ibrahim, sinto-lhe tudo! De imediato grunhi dor e os seus olhos leram nos meus, era a sua dor que grunhia e não a minha. Reconfortou-me de imediato. " Ah! Ah! Bicho não te preocupes... Estou a ver que já sentiste que fui flechado pela paixão! Estava em duvida se o estaria, confirmaste-o! Obrigado!"
Na altura ainda fiquei mais confuso. Que sentimento estranho este, provoca sorrisos na expressão e dor no coração...
Ao sentir aquela orgia de sentimentos no Ibrahim, compreendi, que essa dor é provocada pelo enchimento de sentimentos, como se o volume de sentimentos fosse maior que o espaço disponibilizado para os mesmos.
Defini angustia como o sentimento entre a vontade e a concretização, a tristeza de se deixar de ser dono de si, de não controlar suas vontades, pois é assim o Ibrahim apaixonado. Suponho que os outros homens também, mas a leitura permanente do sentimento do Ibrahim permite-me uma melhor compreensão.
O confuso que fico agora não tem exactamente a ver com o sentimento, como a primeira vez que a senti. Agora confunde-me a hesitação dos Homens na expressão do seu sentimento. Em nós essa individualidade de sentimento não nos é permitida, e a verdade comunica-se por vontade, o meu sentimento pertence-nos...
Para que serve a duvida se não se procurar a certeza.

Bicho

1 comentário:

  1. Olá Bicho. Eu sou homem, sou EU. Não te quero explicar, mas quero-te dizer o que alimenta tudo isto. A paixão é como a dúvida, como o sonho. Tem um objectivo, mas que nem sempre queremos de facto alcançar. Neste périplo a que nós, os humanos, chamamos vida, nem sempre é certo, ou correcto atingir-se a certeza da dúvida ou o amor da paixão. Isso, muitas vezes, significa o fim do sonho. É isso que nos alimenta, ou melhor, pelo menos a mim, EU. Nem todos os caminhos nos levam a um destino, nem têm que levar, e nem sempre queremos que levem. É isto que nos faz diferentes de outros, por exemplo, dos Bichos. Nem sempre sabemos se queremos a certeza depois da dúvida, ou se a dúvida por si só é suficiente para darmos outro passo em frente. Eu sei que pode parecer confuso, mas é isso que a nossa mente, o nosso espírito nos impele a fazer. Nem sempre sabemos porque andamos outro passo em frente, mas sabemos sempre que é esse que temos que dar... nem que seja para saltar o precipício ou esquecer o caminho atrás. Para ti sei que deve ser difícil, Bicho, entender. Tu vives no presente. Os Homens não valorizam o seu presente e olham sempre o presente como passado, arrependem-se de não o terem valorizado, mas pensam logo que o farão no futuro. Como vês e já percebeste, somos sempre confusos de mais para nos deixarmos simplificar o que quer que seja. Mas fica sempre a certeza de que a dúvida nunca morrerá e que em cada certeza há tantas outras a procurar, mesmo que saibamos que nunca as vamos descobrir. Certeza, certeza, para mim, EU, é que sempre terei dúvidas e não as quero perder.

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