sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bicho de sonhos, ilusões de realidade

Anda apaixonado o Ibrahim!
Ele fala-me dela...
Mas não me diz o seu nome...
"Apenas por uma questão de respeito, Bicho!
 Assim que lhe anunciar o meu sentimento, te direi seu nome!
Que respeito e amor poderia haver se o primeiro alvo da verdade do meu sentimento não fosse a própria? Poderei falar-te das minhas emoções enquanto Homem apaixonado,mas para já, peço que compreendas, não nomearei  o objecto do meu amor!"
Engraçado, pois apesar de não saber seu nome, imagino os seus movimentos e sorrisos...
Sinto principalmente a emoção que esta lhe cria.
Fiquei contente, eu que nem nome tenho! Apenas Bicho chamado. Como todos os outros!
Mas quando o Ibrahim pensa em mim, quando me define...Pensará no meu nome como Bicho?
Definirá ele essa palavra para o todo o que eu sou? Se assim for, não será Bicho meu Nome?
Não sei qual o nome da  paixão de Ibrahim, mas se um ser, for a acumulação das suas características, sei quem ela é?
Ou não?
Se calhar não!
Uma vez que são característica atribuídas por um Homem apaixonado!
Mas o Ibrahim é o Homem que me ensinou a ser o Bicho que sou!
Também me ama incondicionalmente...
Na verdade...
Qual é a imagem que faz de nós quem somos? Será o que somos, é o que projectamos de nós? Por muito profunda que seja a nossa alma! Seremos apenas nós em nós próprios?
Ou...
Seremos apenas nós, na imagem dos outros?
Nunca consegui responder a estas duas questões! Que engraçado, com as duas anda posso criar mais...! Será a minha identificação paralela a minha identificação no outro? Ou uma acumulação das duas?
Lembro-me de ter poucos anos de idade e ser avisado, pelo Ibrahim,  para o cuidado necessário na criação da minha imagem nos outros. Nunca o tive! Não o sei fazer, compreendo-o apenas!
Pois mesmo sem o fazer, apercebi-me que elas existem.
Compreendi que tem, acima de tudo, a ver com os nossos actos perante os outros, enquanto indivíduos, e também no somatório dos actos com todos os outros seres com que nos relacionamos. Conclui que a única operação possível na criação da imagem é de facto a soma! Não é possível doutra forma. Não há divisão, multiplicação nem subtracção, estas obrigariam à mentira e ao engano!
Dizia-me o Ibrahim, que apesar de assumir não compreender as razões da sua paixão,  que se apercebeu do seu estado através da presença e da ausência...
Pois, na presença, a sua segurança fica instável, tanto lhe ultrapassa a altura como se aprofunda debaixo dos seus pés. Na ausência, o pensamento lhe foge para os momentos vividos em presença, como se o tempo já tivesse originado saudade, que esta, lhe nasce no primeiro momento do adeus...
E brinca e joga, entre a realidade e o sonho.
"Vivo em sonhos,as ilusões da realidade!"
Já me tenho perguntado se os Homens na paixão, conseguirão comunicar como nós, Bichos!
Directamente uns nos outros, pois sempre que falo com alguém apaixonado...
Fala-me dos silêncios!
Do preenchimento que é a simples presença.
Como tudo o que tiver que ser dito o estiver a ser, sem palavra!
Compreendem a vontade e o desejo!
Mas não creio que o consigam fazer de uma forma consciente. Pouco importará a consciência ou não do acto! Quando se tem o sentimento!
Continuou o Ibrahim a falar do seu sentimento, muito mais do que falava nela.
"Creio que encontrei! Tem  maturidade e serenidade.
Deixarei crescer, desenvolver um projecto. Projecto esse, que assentará em verdade, carinho, honestidade e respeito e presença....Amor! Acho que posso definir assim!
Pois, quando estamos juntos, nada me falta. Tudo se encontra completo.
Em cada passo que dar esperarei pelo seu,o caminho será uma partilha.
E se parar, pararei também e saberei esperar pelo seu próximo, para que cada momento seja vivido  plenamente.
Assumir sempre a verdade e o compromisso do sentimento. Enfim, estou apaixonado, Bicho!"
Ah! Como voa este Ibrahim.
Um homem em paixão merece ser amado!
Amo-te tanto meu Pai!

Bicho

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